Querem fazer alguém passar uma vergonha e não sabem como? Eu empresto a minha prima.

Logo de manhã, liga-me a minha prima A.

"Pippa, o T. foi jogar futebol com os amigos. Fiquei sozinha em casa com os miúdos. Vem até aqui para um pequeno-almoço tardio. Pomos a conversa em dia e eu compenso toda a testosterona que vou ter que aturar o resto do dia. No final do futebol, vêm todos aqui para casa, fazer uma patuscada no jardim."

E eu lá fui, que, diga-se a verdade, nestas coisas, não sou nada difícil de convencer.

Estávamos na sala, ouvimos chegar os homens do futebol ( e depois ainda dizem que as mulheres quando se juntam são barulhentas!).

Nisto, a filha da A. resolve ter um momento de ternura, que nela não é propriamente característico, dá-me um grande abraço e toda delicodoce diz: "Pippa, quando ser grande quero ser como tu".

Bem, eu fiquei de tal forma inchada que nem consegui corrigir a conjugação do verbo.

Mas a minha prima, desconfiada de tanta ternura vinda do pequeno diabinho de 5 anos, e conhecendo bem a filha, que desde os 3 anos deixou de nos pedir brinquedos, para pedir roupa, sapatos, malas e perfumes, exactamente por esta ordem, e que se recusa a sair de casa sem mala, logo viu que dali não podia sair algo muito profundo, perguntou-lhe: "Então? Queres ter roupas e sapatos giros como a Pippa?"

Resposta: "Isso também, mas não é isso."

E, olhando para mim, ou melhor, para uma parte de mim, diz: "Quero ter maminhas grandes como tu."

E nisto, atrás de nós, só se ouve o T., acompanhado de 2 amigos que não conseguiam esconder a cara de gozo, muito encavacado, do tipo "Quem me manda a mim entrar na minha própria casa sem me fazer anunciar", a dizer: "... vocês desculpem, nós só viemos à procura do açúcar amarelo para as caipirinhas."

Pois acham que os parvos dos amigos fingiram que não tinham ouvido nada? Está bem, está! Ainda não tinham chegado ao corredor e já se riam como tolos.

As crianças são de facto o melhor do mundo!