quinta-feira, 22 de março de 2012

Do direito à greve

  Já aqui disse que nunca fiz greve, nunca hei-de fazer e não entendo como é que os grevistas acham que ajudam o país desta forma.
  Mas respeito quem toma a decisão de fazer greve. É um direito que lhe assiste.
  O que não entendo, e que me tira completamente do sério, é que haja grevistas que não respeitem a decisão de quem quer trabalhar.
  E não se conformem com os números de adesão à greve.
  E não se conformado, fazem o quê?
  Isto:

"Confrontos entre polícia e manifestantes no Largo do Chiado com feridos ligeiros

Segundo testemunhas no local, os confrontos começaram quando manifestantes arremessaram objetos contra elementos da PSP junto à esplanada do café Brasileira, no Chiado.
Na esplanada, foram derrubadas cadeiras, mesas, chapéus-de-sol e os clientes que se ali se encontravam tiveram que fugir rapidamente para não serem atingidos por objetos e pedras da calçada.
A PSP reforçou a sua presença na manifestação com elementos das Equipas de Intervenção Rápida (EIR), e do Corpo de Intervenção que estão a ser apoiados por 10 carros que acompanham o desfile.
Durante os confrontos entre manifestantes e polícias, o fotojornalista da agência Lusa, que se encontrava no local a fazer a cobertura do acontecimento, foi agredido.
Já no chão o repórter fotográfico identificou-se como jornalista e continuou a ser agredido, necessitando de assistência hospitalar.
Cerca de 150 manifestantes, entre os quais elementos da plataforma 15 outubro, começaram a desfilar hoje à tarde pela Av. Almirante Reis até ao Rossio, em Lisboa, atirando ovos às instalações das instituições bancárias por onde passavam.
Os ânimos exaltaram-se junto à sede do Banco de Portugal na Almirante Reis onde a polícia foi obrigada a intervir para acalmar os manifestantes.
Alguns ovos foram atirados de propósito para pessoas que estavam a levantar dinheiro nas caixas de multibanco das instituições bancárias.
O percurso dos manifestantes começou por ser acompanhado por batedores da polícia e no final, junto do Rossio, passaram a ser três carros do Corpo de Intervenção.
Os manifestantes seguem para a Assembleia da República para se juntarem a manifestação promovida pela CGTP."
Lusa
 
 

6 comentários:

  1. Respeito, mas gostava que respondesses a umas perguntas!
    Gostas de teres férias pagas que só foram generalizadas depois do 25 de Abril??
    Achas justo um acesso generalizado à saúde o que só com a luta das esquerdas foi conseguido?
    Gostas de ter uma semana de 40 horas apenas conseguido devido à luta dos sindicatos?!
    Achas bem as licenças de maternidade extensivas ao 5º mês post parto?
    Achas que o ensino generalizado foi mau?!

    Pois tudo isto foram exigências e conquistas de um povo que se vê agora usurpado desses direitos para pagar os erros de uma banca sem escrúpulos a nível nacional e mundial.
    Farei as greves necessárias para retomar os direitos de um povo que é hoje mártir às mãos de uma direita impiedosa.

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    1. Manel, já aqui discutimos sobre a greve.
      Tu és obviamente de esquerda ( muito à esquerda, direi eu!) e eu sou obviamente de direita.
      Assim sendo, entre nós nunca haverá consenso. :)
      Mas não pretendia com este post discutir política, esquerdas, direitas, centros ou coligações.
      Com o post pretendia apenas criticar o comportamente pouco democrata, e vindo de quem gosta tanto de gritar "fascista" e "democracia para todos", que todos nós vimos nas televisões.
      É que se há coisa que me chateia é pessoas que gostam de ser respeitadas, mas que não respeitam os outros.
      Greve faz quem quer fazer, porque a lei lho permite e bem.
      Era só mais o que faltava ser-se obrigado a fazer greve!
      Ou ser-se apedrejado porque se está simplesmente sentado na esplanada da Brasileira ( esse símbolo do capitalismo!!!), e não a atacar as caixas ATM, edifícios públicos e agentes da PSP ( e não, não estou aqui a defender os polícias).
      Fazer greve é uma coisa. Resolver ser-se selvagem é outra. E bem diferente.
      Em relação às tuas perguntas, deixa-me dizer-te que não tenho subsídios de férias nem de Natal.
      Quem me dera a mim que a minha semana tivesse 40h, mas não tem. Tem cerca de 55h, isto de segunda à sexta. Porque ao fim-de-semana também se trabalha. E muito.
      E infelizmente licença de maternidade até ao 5º mês é coisa que não me posso dar ao luxo de tirar.
      Mas claro que entendo que haja pessoas, como os senhores maquinistas da CP, que chegam a ganhar € 5.000 por mês, e trabalharão 1/3 das horas que eu trabalho, a fazerem greve.

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    2. Estamos a falar de direitos e não do uso que cada um quer fazer dos direitos disponíveis de que dispõe.
      Uma coisa é prescindires dos teus direitos, uma outra bem diferente é a usurpação, que está a ser feita por parte do poder a uma larga maioria da população, desses direitos que são essenciais para uma vida decente por parte desses seres que também têm direito a uma vida digna.
      Se trabalhas 55 h, se não podes gozar 5 meses de licença de maternidade é porque entendes, diferente de mim p. ex. que o trabalho está acima da vida familiar ou de sociedade.
      E por o fazeres não deves pensar que os outros deverão fazer o mesmo e muito menos impor-lhes essa forma de estar na vida, que é o que este governo está a fazer, contrariamente a tudo que prometeu em campanha.
      De qualquer modo eles estão a fazer bem o seu trabalho de casa. Este país vai ser irreconhecível depois da sua passagem (efémera) pelo governo, mas depois vai ser tarde...
      E não são eles que têm culpa... culpa tem quem os elegeu pensando que seriam a panaceia para os seus males.

      Um beijo com as nossas diferenças de opinião.

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    3. Manel, vais-me desculpar, mas quem sabe do que se falava no post ainda sou eu! :)
      E, mais uma vez te digo, que com o post pretendia apenas criticar o comportamento selvagem de alguns grevistas.
      Em relação a tudo o resto, é tão grande a diferença ideológica que nos separa, que aprofundar a questão levaria a uma discussão, saudável, claro está, mas interminável! :)
      Reitero: a única coisa que disse foi que não faço greve ( e isso, independentemente de quem esteja no governo, já que entendo que em democracia, os protestos e os apoios mostram-se nas urnas). Respeito quem a faz, mas não tolero que alguém a tente impingir ou retalie com quem não a faça.
      De todo o modo, se me conseguires explicar como é que uma greve ajuda o país, agradeço, porque de facto não estou a ver.
      E, já agora, se me conseguires explicar também em que parte é que eu tento impor a alguém a minha "forma de estar na vida", que segundo a tua fundamentada opinião é dar mais importância à profissão do que à família, também sou toda ouvidos. :)

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    4. Como é que uma greve ajuda um país?!
      É claro que estamos a falar de países diferentes.
      A greve ajuda quem a faz pois causa prejuízo a quem detem os meios de produção, que terá que dar mais algumas regalias a quem para ele trabalha.
      No campo do trabalho, como nos demais, nada se obteve sem luta.
      Lembro-me bem de se começar a não trabalhar ao sábado à tarde (semana inglesa), depois de não se trabalhar ao sábado (semana americana)... e nada disto foi oferecido.
      Lembro-me que os trabalhadores rurais não tinham férias nem horário de trabalho.
      Lembro-me que as empregadas domésticas não tinham férias nem horário de trabalho.
      Lembro-me que as enfermeiras e as professoras não podiam casar sem autorização governamental.
      Lembro-me que as hospedeiras da Tap não podiam casar.
      Lembro-me que só as mulheres que angariassem o seu sustento podiam votar... no partido único.
      E nada disto se conseguiu com votos, mas com uma revolução.
      Uma revolução que está a ser dizimada por votos de quem incultamente não sabe usar esse direito.
      E não pense que sou comunista.
      Estou muito mais perto da social democracia nórdica do que de um saudosismo bacoco.
      É não vai ser com votos que se prendem os recebedores de luvas dos submarinos (na Alemanha estão presos quem as pagou, mas aqui andam à solta os que as receberam).
      Não vai ser com votos que se prendem os Dias Loureiros.
      Não vai ser com votos que se prendem os Sócrates do Freeport de Alcochete.
      Não vai ser com votos que se prende quem rubricou os contratos leoninos com a LusoPonte, os Hospitais dos Melos, a urbanização do abate de sobreiros do CDS/Bes.
      Não vai ser com votos que deixaremos de ser o país mais desigual da Europa.
      Não vai ser com votos que se vai tirar o medo a um povo que amedrontaram com o papão do desemprego... povo esse que em nada contribuíu para este estado de coisas.

      Mas é com votos que se vai manter este estado de coisas!

      Um beijo... discordante.

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    5. Considera-me não convencida. :)
      Um beijo, Manel!

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